NOME:
Rui Manuel DE ASCENÇÃO RAMOS CANDEIAS
"Rui Candeias"
PSEUDÔNIMOS :
"Yur Saiednac" - "Sakaya" - "RuCa"
DATA DE NASC.:
01 de outubro de 1947
NACIONALIDADE:
"Cidadão do Planeta TERRA" e "Cidadão do COSMOS".
BRASILEIRO, PORTUGUÊS DE ANGOLA...
BRASILEIRO por adoção, por opção e do fundo do coração...
PORTUGUÊS por origem e ascendência...
ANGOLANO por nascimento...
E... como é bom... sentir-me cidadão do mundo...
VIVÊNCIA:
Criado e educado em Angola, no Congo Belga/Zaïre e no Brasil.
CARACTERÍSTICAS PESSOAIS:
Considero-me: Franco; sincero; ético; honesto; correto; educado; respeitador;
Abomino descriminações e/ou segregações de qualquer tipo; mentiras; falsidades; traições e bajulações..
FORMAÇÃO PROFISSIONAL:
Administração; Comércio Exterior; Consultoria Empresarial e Coach.
ATIVIDADES DE INTERESSE PESSOAL:
FILOSOFIA; UFOLOGIA; MÍSTICISMO; PROTEÇÃO DA NATUREZA E MEIOAMBIENTE
ATIVIDADES DE LAZER:
JOGOS DE MESA: Xadrez; Gamão; Dominó: Baralho (King; Sueca; Canasta);
TV: Séries: Filmes; Vídeos; Reportagens; Automobilismo; Futebol; Volei; Basquete; Luta; Box; Judô
JOGOS DE PISO: Bilhar: Ténis de mesa; Pimbolim
MÚSICA e VIDEOKÊ - LEITURA -
N.A.:
Após meu pai falecer em Angola, finais de 1987, bem após a independência do país, minha mãe que vivia em Portugal, veio residir em minha casa no Brasil. Com a mudança, alguns documentos antigos, entre os quais nós encontramos alguns que me diziam respeito: Tais como Registro e Cédula de Nascimento, BI (Bilhete de Identidade), entre outros, que atestavam e comprovavam a minha condição de cidadão angolano.
Surpreso ao descobrir e constatar a minha condição de duplo registro de cidadania, questionei minha mãe a respeito e dela obtive a confirmação, justificação, e os motivos pelos quais, isso me fora omitido.
Segundo ela, na época de meu nascimento, grassava em Portugal continental e nas colônias, à semelhança das colônias de outros países, uma forte segregação racial e todo o tipo de discriminação, não só para com os afro-descendentes, mas também e principalmente para os mestiços e os luso/euro-descendentes (de cores de pele morena escura e clara, branca ibérica ou europeia-caucasiana), nascidos na então maior Colônia da África Ocidental Portuguesa de além-mar, vulgo Angola, (rotulados de brancos de 2ª classe), os quais eram preteridos e fruíam de salários menores em relação aos portugueses genuínos, ou brancos de 1ª classe,como eram conhecidos os cidadãos nascidos em Portugal Continental e os imigrantes europeus.
Os cidadãos (portugueses, naturais da Colônia, deveriam obrigatoriamente possuir e usar passaporte diferenciado com visto de entrada para viagens a trabalho ou consultas médicas e visitas turísticas (férias) a Portugal (continental, entenda-se), mediante aprovação das autoridades locais e das polícias de fronteiras, portuguesas. Os cidadãos naturais da Colônia, deveriam também comprovar possuir capacidade financeira bem como o montante de divisas em sua posse, (em moeda portuguesa ou estrangeira reconhecida), suficientes para fazer face e garantir sua estadia e retorno, além de apresentarem um endereço fixo comprovável, hotel ou casa de família, onde residiriam durante a sua estadia.
Ocorria também que aos cooperantes estrangeiros e aos colonos, (fossem eles cidadãos portugueses do continente,europeus e americanos brancos), eram facultadas, além da liberdade de ir e vir, todas as benesses e facilidades para obtenção e renovação de documentos, demarcação e concessão de propriedades, terras, fazendas e outros, liberação e emissão de alvarás e demais registros e documentos, para instalação de indústrias transformadoras, fábricas, entrepostos e armazéns, comércios, serviços e transportes , etc.
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Segundo minha mãe, ao confirmar sua gravidez, já no decurso do 3º mês de gestação, minha mãe entrara em pânico, pois naquela época, a assistência médica na colônia era deficiente e muito precária e era enorme o risco de enfrentar, em estado de gravidez, uma viagem de barco demasiado longa na época (mais de um mês) e agravada, á passagem da linha do equador, pelas alterações meteorológicas e correntes marítimas. Nessa época não havia ainda ligação aérea com o continente.
No intuito de me poupar a humilhações ou dissabores futuros, meus pais idealizaram um plano segundo o qual minha mãe deveria ficar recolhida (isolada) na fazenda até ao meu nascimento, apenas sob os cuidadados e na companhia das amas de confiança, (como se da família fossem), longe da civilização e dos vizinhos.
Certo dia, já em fim de tempo e quase não conseguindo mexer-se em virtude do grande volume e peso de sua barriga, depois de um breve repouso em seu leito e ao levantar-se para se aprontar para jantar com meu pai no salão, apoiou-se, sentada na beira da cama e sentiu escorrer um liquido pelas coxas e de supetão sentiu o peso diminuir no seu ventre e algo volumoso escorregar pelas suas pernas.
Ao olhar para baixo, deparou-se comigo no chão junto aos seus pés, com parte do meu corpo debaixo da cama.
Gritou por meu pai que se apressou a cortar o cordão umbilical e me entregou para ela para que procedesse á minha primeira higiene e limpeza, com a ajuda das amas.
Após o meu nascimento, mantiveram-me sempre na fazenda, longe de olhares indiscretos e tomaram a decisão de viajarem comigo a Portugal com o pretexto de visitarem a família. Discreta e furtivamente embarcaram pela madrugada sem olhares curiosos, confinando-se de imediato a minha mãe ao camarote, de onde não se ausentaria durante a viajem, em virtude de pressupostos terríveis e constantes enjôos.
Á sua chegada a Portugal e com a ajuda de amigos, registraram-me como português ali nascido, escondendo eles, doravante, meu registro e documentos angolanos, mantendo apenas a minha documentação portuguesa.
Meu pai voltaria pouco depois a Angola, pois não poderia deixar os negócios á mercê do administrador e do capataz e justificaria a ausência da esposa, alegando que ela teria engravidado a bordo durante a viajem de ida e fora aconselhada pelo médico a não viajar de volta a Angola nesse estado.
O meu regresso a Angola na companhia de minha mãe, dar-se-ia cerca de dois anos após.
Mais tarde, o término da ditadura salazarista em Portugal, tornou real a inclusão social e a extinção da colônia que passou a ser território autônomo, denominado “Província de Angola” e culminou com a abolição da segregação / discriminação e a implantação da igualdade de direitos civis e sociais entre os naturais do continente e das colônias e com a paridade monetária entre o Escudo (moeda de Portugal) e o Angolar (moeda da Província de Angola).
Em 1961, começaram as convulsões beligerantes nas Colônias e a partir desse marco, desenvolveu-se o fluxo migratório de e para o continente e para o Brasil, onde meu pai dera início a contatos comerciais. Pela influência dos gibis; livros; revistas jornais; telereportagens nos filmes; jogadores de futebol e pilotos de automobilismo (F1) brasileiros, acabei escolhendo o Brasil para terminar a minha formação e viver.
De origem euro-africana, casei no Brasil com uma genuina brasileira, de origem polonesa e ucraniana por parte da mãe e de origem italiana, portuguesa e bugre por parte de pai.
Aqui nasceram filhos e netos.
Me sinto imensamente feliz pela miscelânea de raças, de pigmentações de pele e dos tipos de sangue que pelas veias correm em mim, meus filhos e netos e por esse motivo sou, com muito orgulho:
BRASILEIRO, PORTUGUÊS DE ANGOLA.
BRASILEIRO por adoção, por opção e do fundo do coração...
PORTUGUÊS por origem e ascendência...
ANGOLANO por nascimento...
na verdade... CIDADÃO DO PLANETA TERRA... CIDADÃO DO COSMOS...
E... como é bom... sentir-me cidadão do mundo...
Yur Saiednac
(Nota biográfica escrita por Yur Saiednac em NOV.27,2009)